bah fiquei choquita com o fato da pessoa ficar indignada em não ter seus posts hitados pela escritora. gosto sempre de pensar: se fosse um escriTOR, isso seria um problema? acho que, tem vezes, o público se deita demais nas escritoras mulheres achando que tudo a gente deve receber com toda gratidão como se fosse um favor nos ler. daí complica.
Mas olha que já ouvi mais histórias intolerantes com escritores mesmo (até porque, a empáfia do macho...). Uma eu quase contei nesse post. Alguém super pagou pau pro cara e ele respondeu um singelo "folgo em saber". A pessoa nunca mais quis saber do sujeito também.
Admirar e usar alguém como referência faz parte. Não há nada de mal ter ídolo em diferentes áreas. Mas a mente da gente precisa estar preparada para a qualquer momento separar o CPF do CNPJ
Esta sua crônica lembrou-me a história de um amigo, leitor e jornalista, que ia ter a chance de se encontrar com um autor conhecido, de quem ele havia lido uma série muito badalada sobre os anos da ditadura, composta por cinco volumes parrudos. O amigo então se abalou lá de Brasília até São Paulo para a entrevista carregando os cinco volumes parrudos na bagagem. Quando finalmente se viu diante do autor, perguntou se ele autografaria a própria obra. Claro, por que não faria? O amigo então tirou da mala os livros e o autor arregalou os olhos: os cinco? Você veio lá de Brasília carregando esse peso todo? Não, não, sinto muito. Assino só o primeiro, tá? E assim foi feito. 😂
Sei lá, a gente vive numa época de relações parassociais intensas, existe toda uma estrutura atuando (redes sociais, principalmente) para reforçar essa ilusão de troca e proximidade. Definir a pessoa como uma vampira emocional, isso é ir longe demais. Todo mundo que atua publicamente em algum nível se abre para esse tipo de relação, e o bloqueio parassocial (como no caso descrito) é uma possibilidade de desdobramento da coisa. Não dá pra sair tachando as pessoas, é uma relação bem confusa e muitas vezes irrefletida...
Ontem estive com uma escritora mais madura. Ela falou que nos anos 1980 fizeram uma coletânea e, depois que o livro foi publicado, convidaram os escritores pra ir pras escolas conversarem com os estudantes que iam ler a obra. Ninguém quis ir. Hoje a coisa mudou muito, acho difícil que alguém recusasse. Ao mesmo tempo, sei o que sofre uma pessoa neurodivergente (minha esposa, que também é ecritora) ora anteder esse tipo de demanda. Ela seria tranquilamente essa escritora que respondeu com dois corações por não saber absolutamente como lidar diferente. E acho injusto a cobrança nesse sentido. Enfim, é um território bem cinza.
"Depois de finda a batalha de terminar o livro, não estava terminada ainda a guerra: havia ainda a imensa batalha por vê-lo publicado, e depois uma outra batalha ainda maior que era fazer com que ele encontrasse seus leitores." É isso.
bah fiquei choquita com o fato da pessoa ficar indignada em não ter seus posts hitados pela escritora. gosto sempre de pensar: se fosse um escriTOR, isso seria um problema? acho que, tem vezes, o público se deita demais nas escritoras mulheres achando que tudo a gente deve receber com toda gratidão como se fosse um favor nos ler. daí complica.
Mas olha que já ouvi mais histórias intolerantes com escritores mesmo (até porque, a empáfia do macho...). Uma eu quase contei nesse post. Alguém super pagou pau pro cara e ele respondeu um singelo "folgo em saber". A pessoa nunca mais quis saber do sujeito também.
Credo, então é um caso extremo de clout demon mesmo (essa expressão é usada pra quem quer surfar no hype)
Povo acha que é bonito ser blasé
Admirar e usar alguém como referência faz parte. Não há nada de mal ter ídolo em diferentes áreas. Mas a mente da gente precisa estar preparada para a qualquer momento separar o CPF do CNPJ
O amor sempre está muito perto do ódio, afinal. Rs
O amigo (e quase conterrâneo) é um gentil.
Já precisei distribuir patada em quem queria praticamente devoção monástica.
Um abraço!
Conta! Conta!
Não vale à pena, creia-me.
Esta sua crônica lembrou-me a história de um amigo, leitor e jornalista, que ia ter a chance de se encontrar com um autor conhecido, de quem ele havia lido uma série muito badalada sobre os anos da ditadura, composta por cinco volumes parrudos. O amigo então se abalou lá de Brasília até São Paulo para a entrevista carregando os cinco volumes parrudos na bagagem. Quando finalmente se viu diante do autor, perguntou se ele autografaria a própria obra. Claro, por que não faria? O amigo então tirou da mala os livros e o autor arregalou os olhos: os cinco? Você veio lá de Brasília carregando esse peso todo? Não, não, sinto muito. Assino só o primeiro, tá? E assim foi feito. 😂
Puuuuutz! Recentemente um autor badalado veio pra cá e a produção (pelo menos quero
crer que) só deixou ele assinar um volume também
já vi muito escritor biscoiteiro. leitor, foi s primeira vez… 😂
hahaha genial
Espero que vc compartilhe o meu comentário! Hahahahaha!
Já dei o coraçãozinho. rs
Hahahaha!
Sei lá, a gente vive numa época de relações parassociais intensas, existe toda uma estrutura atuando (redes sociais, principalmente) para reforçar essa ilusão de troca e proximidade. Definir a pessoa como uma vampira emocional, isso é ir longe demais. Todo mundo que atua publicamente em algum nível se abre para esse tipo de relação, e o bloqueio parassocial (como no caso descrito) é uma possibilidade de desdobramento da coisa. Não dá pra sair tachando as pessoas, é uma relação bem confusa e muitas vezes irrefletida...
Ontem estive com uma escritora mais madura. Ela falou que nos anos 1980 fizeram uma coletânea e, depois que o livro foi publicado, convidaram os escritores pra ir pras escolas conversarem com os estudantes que iam ler a obra. Ninguém quis ir. Hoje a coisa mudou muito, acho difícil que alguém recusasse. Ao mesmo tempo, sei o que sofre uma pessoa neurodivergente (minha esposa, que também é ecritora) ora anteder esse tipo de demanda. Ela seria tranquilamente essa escritora que respondeu com dois corações por não saber absolutamente como lidar diferente. E acho injusto a cobrança nesse sentido. Enfim, é um território bem cinza.
"Depois de finda a batalha de terminar o livro, não estava terminada ainda a guerra: havia ainda a imensa batalha por vê-lo publicado, e depois uma outra batalha ainda maior que era fazer com que ele encontrasse seus leitores." É isso.
Parece que não termina nunca, inclusive.
Parece
Muito bom!
Obrigado! Sempre um privilégio a leitura.